Os clubes de futebol, especialmente os de grande porte como Grêmio e Internacional, enfrentam diariamente uma série de desafios tecnológicos que impactam diretamente sua gestão, operação e relacionamento com os torcedores.
Tudo começa pela infraestrutura de TI, muitas vezes herdada de modelos ultrapassados e pouco integrados. Ela precisa ser atualizada para atender a exigências de segurança e escalabilidade, e servidores, redes, nuvem e cibersegurança entram nesse novo cenário.
Tecnologia nos esportes: principais desafios nos clubes
No futebol brasileiro, a transformação digital deixou de ser tendência e virou uma necessidade urgente. Grêmio e Internacional vivenciam essa realidade diariamente. Entre os maiores desafios, está a modernização da infraestrutura de TI.
“A TI em um clube de futebol vai muito além do suporte à comissão técnica. É um universo multidisciplinar que envolve desde o RH até a área médica, nutrição, psicopedagogia”
— Diego Baldi, Chefe de TI do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Muitos clubes ainda operam com sistemas legados, que dificultam a integração e a escalabilidade. A falta de padronização tecnológica entre departamentos também compromete a eficiência, afetando diretamente a gestão, o atendimento ao torcedor e o controle de dados.
Outro ponto crítico é a segurança da informação. Proteção contra ataques cibernéticos e adequação à LGPD são exigências inegociáveis para qualquer clube de ponta. Além disso, a pressão por inovações que melhorem a experiência do torcedor exige times de TI preparados, atualizados e bem estruturados.
Digitalização da gestão de sócios na dupla Gre-Nal
A gestão de sócios passou por uma transformação significativa nos últimos anos, impulsionada pela tecnologia. Tanto Grêmio quanto Inter modernizaram seus sistemas e processos, integrando plataformas e dados para otimizar a jornada do torcedor.
Um dos marcos mais recentes dessa evolução é a adoção da biometria facial como forma de acesso aos estádios, substituindo os tradicionais ingressos físicos. A mudança, embora tecnológica, também envolve um desafio cultural.
“A biometria facial melhora a experiência do sócio e elimina o uso do ingresso físico. Mas exige uma grande campanha de aculturamento e educação do torcedor”.
— Jeremias Goedert, Gerente de TI no Sport Club Internacional
A obrigatoriedade da biometria facial foi determinada pela Lei nº 14.597/2023, que institui o Marco Legal do Esporte e será fiscalizada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANDP) junto aos clubes.
A norma estabelece que, a partir de 14 de junho de 2025, todos os estádios com capacidade superior a 20 mil pessoas deverão contar com identificação biométrica de torcedores, como medida de segurança e controle de acesso.
Nesse contexto, os clubes vêm investindo não apenas em tecnologia, mas também em comunicação, para garantir que os sócios compreendam o processo e sintam confiança na nova forma de acesso, que, além de prática, precisa estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Além da biometria, a digitalização trouxe ganhos operacionais relevantes: mais agilidade na cobrança, controle de inadimplência, segmentação de planos e campanhas de recuperação e fidelização.
A TI passou a desempenhar papel estratégico também na personalização da experiência do torcedor. A partir da análise de dados, os clubes conseguem compreender melhor o comportamento dos sócios e oferecer interações mais relevantes e direcionadas.
Internamente, esse avanço exigiu a integração de sistemas, adoção de plataformas mais robustas e um alinhamento constante entre as áreas de TI, marketing e atendimento.
Ambos os clubes reforçaram a importância da tecnologia como fator essencial para manter a base de sócios ativa e engajada, especialmente em momentos de instabilidade ou crise.
📖 Leia também: LGPD e Compliance: 4 soluções em tecnologia para ficar em dia com a Lei Geral de Proteção de Dados.
As enchentes de maio de 2024 e seu impacto nos clubes do RS
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024 afetaram profundamente a operação dos clubes gaúchos, para além do futebol e dos seus jogos em casa.
Internacional e Grêmio sofreram perdas estruturais, com sedes alagadas e sistemas danificados. A crise exigiu respostas rápidas, inclusive no campo da tecnologia.
A interrupção de servidores, redes e data centers comprometeu serviços críticos, como a gestão de sócios e o controle de acesso aos estádios.
Mais do que reconstruir, foi preciso pensar em continuidade de negócios. A TI passou a ser tratada como pilar estratégico na recuperação dos clubes.
Recuperação tecnológica no Internacional após a catástrofe
Com as estruturas do Estádio Beira-Rio e Parque Gigante severamente atingidas pelas enchentes, o Internacional precisou de uma reconstrução digital completa.
A retomada começou com a reestruturação dos sistemas críticos e a migração acelerada para a nuvem, garantindo mais segurança, mobilidade e continuidade. A Adentro atuou diretamente nesse processo, ajudando o clube a restabelecer operações essenciais em tempo recorde.
Segundo Goedert:
“A gente perdeu quase tudo. Foi preciso restabelecer sistemas críticos e reestruturar a TI do zero”.
A resposta rápida e o uso de soluções escaláveis permitiram que o clube retomasse o controle da gestão de dados, comunicação com sócios e processos internos, mesmo diante do cenário crítico.
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Como o Grêmio lidou com a reconstrução da TI do clube
O Grêmio também sofreu perdas expressivas na Arena do Grêmio, no CT Pres. Luiz Carvalho e na sua estrutura tecnológica após as enchentes de maio de 2024.
Para restabelecer a operação, a equipe de TI priorizou a recuperação dos sistemas internos e a continuidade das operações administrativas e de relacionamento com o torcedor.
O clube apostou na virtualização de servidores, no reforço da infraestrutura em nuvem e em medidas emergenciais de backup para garantir a preservação de dados sensíveis.
De acordo com Baldi:
“O primeiro passo foi entender que a TI precisa apoiar todas as áreas, do campo à administração. Era preciso sair do operacional e pensar em estratégia”.
A rápida atuação da área técnica demonstrou que, mesmo sem um plano prévio específico para esse tipo de desastre, o Grêmio conseguiu estruturar uma resposta robusta com base na experiência da equipe e em decisões estratégicas.
O que vem pela frente? Inovações tecnológicas que terão impacto no futebol nos próximos anos
O uso de tecnologia nos esportes, especialmente no futebol, está longe de atingir seu limite. Grêmio e Inter são exemplos de clubes que já entenderam: investir em TI é investir em performance, segurança e relacionamento com o torcedor.
Para os próximos anos, algumas tendências devem ganhar ainda mais espaço:
- Análise de dados em tempo real para o desempenho em campo
Com sensores vestíveis e câmeras inteligentes, os times poderão ajustar estratégias ainda durante a partida. - Integração total entre sistemas de gestão e plataformas de CRM
Permitirá uma comunicação mais eficaz com o torcedor, personalizando experiências e campanhas. - Ampliação da infraestrutura em nuvem
Para garantir escalabilidade, segurança e acesso remoto, especialmente em situações emergenciais. - Uso de Inteligência Artificial e machine learning
Desde análise tática até previsão de lesões, passando por automações administrativas. - Tecnologias de identidade digital e biometria
Para acessos mais seguros e rápidos em estádios e plataformas digitais.
Conforme Baldi, Chefe de TI do Grêmio:
“Quando falamos de TI em um clube de futebol, falamos de algo multidisciplinar e facetado. Vai muito além de dar suporte à comissão técnica: é apoiar o jurídico, o RH, o financeiro, o marketing, o agrônomo, o psicopedagogo. A TI precisa estar presente em todas essas frentes”.
O cenário aponta para uma gestão cada vez mais data driven, orientada por dados, com equipes de TI atuando como pilares estratégicos, não apenas como suporte técnico.
Quais tecnologias outros clubes devem priorizar hoje?
Para clubes que ainda estão em fase de estruturação digital, algumas tecnologias são essenciais para garantir eficiência operacional, segurança da informação e engajamento com os torcedores.
Ainda de acordo com Baldi:
“Enquanto alguns clubes já trabalham com Python, IA e mapeamento de ações, outros precisam fazer o melhor que podem com uma boa planilha. O futebol brasileiro tem essas dicotomias de investimento e a TI tem que dar conta das duas realidades”.
Diante disso, confira as principais tecnologias para para clubes de futebol:
- Centralização e integração de dados
Evita retrabalho, facilita a gestão e permite decisões mais rápidas e baseadas em evidências. - Sistemas de gestão de sócios e ingressos inteligentes
Automatizam processos, geram relatórios precisos e oferecem melhor experiência ao torcedor. - Cibersegurança
Investir em proteção de dados é inegociável, especialmente após eventos como os ataques e vazamentos que já afetaram o setor esportivo. - Infraestrutura em nuvem e sistemas redundantes
Garante operação estável mesmo diante de falhas ou desastres, como visto recentemente no RS. - Plataformas de relacionamento e fidelização digital
Ajudam os clubes a manter o torcedor próximo, mesmo fora do estádio.
Goedert complementa ao apontar que, além dos desafios internos, os clubes precisam se posicionar em um novo cenário de concorrência por atenção:
“O clube precisa competir com videogames, redes sociais, streamings, com toda forma de entretenimento. Para isso, precisa digitalizar a sua experiência, especialmente pensando nas novas gerações, que não têm mais o mesmo interesse espontâneo pelo futebol”.
Tecnologia, hoje, é ferramenta de sobrevivência para os clubes – e quanto antes essa virada acontecer, mais competitiva será a atuação dentro e fora de campo.
Conheça Diego Baldi e Jeremias Goedert
Jeremias Goedert começou sua trajetória na TI nos anos 90, motivado pela curiosidade e pelo gosto em consertar equipamentos. Fez curso técnico e iniciou a carreira com manutenção de computadores, servidores e redes. Com dedicação contínua aos estudos até hoje, construiu uma carreira sólida.
Com passagens por empresas como a Indigo, Jeremias chegou ao Internacional em março de 2020, pouco antes da pandemia. Desde então, atua como Gerente de TI, liderando projetos de infraestrutura e transformação digital em momentos decisivos, como a retomada pós-enchentes no RS.
Já Diego Baldi iniciou sua carreira como estagiário na Procempa, no início dos anos 2000. Seu caminho até um cargo de liderança foi pavimentado por experiências práticas, principalmente na área de suporte técnico, sempre com os pés no chão e atenção aos detalhes.
Em setembro de 2010 ingressou no Grêmio, onde percorreu diversas áreas da tecnologia, passando por redes, servidores e infraestrutura até se tornar IT Head. Com 15 anos de clube, é um dos responsáveis por liderar a modernização tecnológica e garantir a segurança digital em todas as frentes do Tricolor Gaúcho.
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Neste 4º episódio, você vai descobrir como Grêmio e Internacional estão utilizando a tecnologia para transformar a gestão, a experiência dos torcedores e até os processos de recuperação após a maior catástrofe climática da história do RS.
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